Alunos de todos os anos escolares já podem voltar às aulas presenciais tanto na rede pública quanto particular em Belo Horizonte. Mas desde o retorno na capital, apenas 30% dos transportes escolares voltaram às atividades.
De acordo com o Sindicato dos Transportadores de Escolares da Região Metropolitana de Belo Horizonte (Sintesc), com os sucessivos aumentos no preço dos combustíveis e com o rodízio entre os alunos, não tem compensado tirar o carro da garagem.
De acordo com o presidente da entidade, Carlos Eduardo Campos, o problema tem acontecido porque muitos motoristas abandonaram a profissão. Pelo menos 50% dos transportadores deram baixa na licença desde o ano passado.
Só neste ano, o diesel teve um reajuste de 22% e o preço médio passou de R$ 3,84, em janeiro, para R$ 4,70 em agosto, segundo o site Mercado Mineiro. “A procura está grande, mas está tendo um conflito, os pais querem desconto pelo fato das crianças estarem indo menos à escola, mas os motoristas precisam reajustar os valores. Somos solidários aos pais, mas a situação está difícil para todos”, afirma Campos.
“Além do custo do diesel, o motorista carrega menos alunos, todos os insumos estão mais caros, a manutenção. Um carro que carregava 20 alunos, agora sai para levar dois”, completa o presidente, que teme outro problema: a concorrência. “Nosso temor é o transporte irregular. É uma questão de segurança e de qualidade”, alerta.
Claudia Roberta Ferreira, 46, e o marido Roger Scalabrine, 52, trabalharam com transporte escolar até o ano passado. Foram 22 anos atuando no transporte de estudantes. “Não consigo voltar porque essas aulas em estilo ‘bolha’ não ajudam em nada. O (preço do) diesel está surreal e os pais, mesmo pagando a escola no valor integral, não acham justo pagar o escolar. Para nós está péssimo, o nosso trabalho foi sucateado”, afirma Claudia que tem feito bicos como entregadora.
“Não compensa levar cada dia poucos alunos, não é interessante. O pai te procura para levar a criança, mas não quer pagar. Vou voltar e não ter condição nem para abastecer?”, questiona.
A transportadora Márcia Beatriz de Oliveira, 53, até voltou às atividades. Mas se antes da pandemia ela levava 30 alunos, agora, o número caiu pela metade. “Os pais reclamam dos preços, ficam em choque, mas ficamos um ano e meio parados. Não foi só o combustível que subiu, o custo de vida como um todo aumentou. O pneu de uma van é R$ 800. Estamos passando aperto”, desabafa a motorista que aumentou R$ 100 a mensalidade por conta dos aumentos.
“Eu entendo perfeitamente a situação e também acho justo que eles queiram que a gente cobre menos, mas, por outro lado, não conseguiríamos arcar com o diesel”, acrescentou o motorista, Márcio Mendes Malta, 61, que está esperando o próximo ano para voltar às atividades. Enquanto isso, ele tem trabalhado como pintor. “Não tem como andar com três anos com o combustível nesse preço. vou ganhar R$ 100 para perder R$ 500?”, questiona.
Com informações do portal O Tempo